quinta-feira, 30 de outubro de 2014

" Aqui Mãe, aqui meu pai"


A árvore dos Encantados ( ou recado da Ororubá)

Acorda levanta resolve 
Há uma guerra no nosso caminho 
Nos confins do infinito 
Nas veredas estreitas do universo
Vejo 
As cinzas do tempo 
O renascimento 
As danças do fogo 
Purificação transporte
Escuto 
O trovão que escapou 
As ladainhas das mulheres secas
Herdeiros do fim do mundo 
Isso não é real 
Não 
Isso não é real 
A brotação das coisas 
Herdeiros da Tempestade 
Girando em torno do sol 
Do sol 
Girando em torno do sol
Vejo 
Aquele cego sorrindo 
No nevoeiro da feira 
Aquele cego sorrindo
Beijo 
A fumaça que sobe 
O peito da santa 
O cheiro da flor
árvore dos Encantados 
Vim aqui outra vez pra tua sombra 
árvore dos Encantados 
Tenho medo mas estou aqui 
Tenho medo mas estou aqui 
Aqui Mãe 
Aqui meu Pai
Em cima do medo coragem . Recado da Ororubá

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Logun Edé


Flor no cabelo

Losang era um jovem que vivia com seu pai perto de um grande rio chamado Tzangpo. Com o pai caçador havia aprendido desde menino a manejar o arco e flecha com agilidade impressionante. Ele era forte, não tinha medo de nada e, como se não bastasse, era tão belo que não havia uma jovem no povoado que não desejasse ser sua mulher. Ele não ligava pra nenhuma delas. Até que um dia aconteceu uma coisa surpreendente: Losang tinha voltado de uma caçada e deitou-se à beira do rio, como sempre fazia. Seus pensamentos corriam para longe, embalados pelo murmúrio incessante das águas; era como se ele mesmo fosse parte do rio.  Era uma jovem que vinha caminhando com passos leves , carregando um balde de madeira. Nos cabelos negros e compridos trazia uma flor de laranjeira, luminosamente branca. À beira do rio, ela se inclinou para encher o balde de água, depois rio para Losang e sem mais sem menos começou a falar:
- Nossa que rapaz mais preguiçoso! Fica aí deitado, com a cabeça nas nuvens, sem desconfiar que a felicidade o espera, longe daqui.
Na outra margem Losang escutou aquelas palavras. Armou o arco e atirou a flecha que atingiu o balde bem no meio. A água começou a escorrer pelo buraco e a jovem gritou pra ele muito brava:
- Mais isso é coisa que se faça? No seu lugar eu não me orgulharia nem um pouco de ter acertado no balde. Existem coisas muito mais difíceis de fazer. Por exemplo: montar o cavalo de sete esporas do seu pai. Se conseguisse domar esse cavalo, ai sim poderia se vangloriar.
Em seguida ela se virou e foi embora pelo caminho. Assim que ela desapareceu entre montanhas altas, Losang voltou para casa e foi procurar seu pai e foi perguntar sobre o tal cavalo, do qual ele nunca tinha ouvido falar. O pai a princípio não queria responder, mais depois disse muit preocupado:
- Esse cavalo é perigoso demais, seria arriscado aproximar-se dele. Eu mesmo nunca consegui montá-lo, por isso achei melhor  que você não soubesse de sua existência. Mas talvez seja a hora de você passar por essa prova. Se tiver certeza de que é isso mesmo que quer, então vá até as montanhas cinzentas e atravesse três picos e três vales.
Quando chegar a um monte cheio de pedras amarelas, procure uma bacia de água. Se ela estiver vazia, desça até o vale e lá encontrará o cavalo. Boa sorte, eu estarei aqui esperando por você meu filho. Losang fez como o pai havia indicado e finalmente encontrou o lugar onde havia a bacia sem água. Desceu o monte e viu um enorme cavalo, com a crina até o chão, parado perto do lago. Ele não teve tempo de pensar de fazer nada, pois o cavalo já vinha em disparada  na sua direção. Ele se encostou no rochedo e o cavalo passou como um raio, deixando um rastro de poeira seca. Losang sabia que seria impossível montá-lo do modo como sempre fazia, então teve uma ideia: subiu num pinheiro e esperou o cavalo passar embaixo. No exato instante em que o animal se aproximou do galho em que ele estava, Losang pulou sobre ele agarrou-se com todas as suas forças a crina do animal. Por mais que o cavalo pulasse e sacudisse a crina violentamente, Losang não desgrudou as mãos. Um dia inteiro galoparam como loucos, numa luta sem trégua. Quando o sol se pôs no horizonte o cavalo cedeu, acalmou-se como por encanto e passou a obedecer ao cavaleiro que o havia conquistado. Losang voltou pra casa montado no seu cavalo, e quando passava pela margem do rio Tzangpo ele viu outra vez a jovem com a flor de laranjeira nos cabelos, mergulhando o balde na água. Novamente ele atirou sua flecha certeira, furando o balde, e a água escapou toda. Furiosa a jovem disse:
- Não acho grande coisa conseguir montar esse cavalo. Muito mais difícil é alcançar um outro rio que fica a duas milhas daqui. Lá mora a bela Boumo, que até hoje nenhum homem foi capaz de conquistar. Mas você nunca vai conseguir chegar lá, porque fica perdendo seu tempo demonstrando habilidades inúteis, atirando flechas em baldes...
Logo ela já havia sumido entre as montanhas altas, enquanto Losang se sentia completamente desajeitado em cima do seu enorme cavalo.
Por mais que seu pai o tivesse recebido com a maior alegria e o elogiasse pela sua bravura, Losang não conseguia parar de pensar na bela Boumo. Por mais que parecesse absurdo, ele tinha certeza de que precisava partir e ir ao seu encontro., ainda que nada soubesse dela. O pai tentou desencorajá-lo, o caminho era cheio de perigos e ameaças, no povoado havia muitas jovens bonitas que poderiam fazê-lo muito feliz, ele dizia. Mas não adiantou. Losang se foi no dia seguinte, montado no seu cavalo gigantesco. Atravessou o rio e seguiu pelo caminhona direção das montanhas altas, mas quando ele chegou lá o chão parecia se mover sob as patas do cavalo. E logo ele percebeu que aquilo não era chão coisa nenhuma: ele estava na verdade cavalgando sobre as costas de um enorme dragão de argila. Mas adiante estavam 38 jovens de mãos dadas, gritando por socorro. Losang atirou uma fleha na cabeça do dragão, e o sangue nego que esguichou da ferida atingiu seu peito com tanta força q o derrubou. Losang desmaiou e as jovens o cercaram. A mais jovem delas foi até a cabeça do dragão morto e arrancou da sua testa uma pérola luminosa. Com todo cuidado, ajoelhou-se diante de Losang e colocou  pérola sobre seu peito, pressionando-a levemente. Losang acordou e viu todos aqueles lindos rostos sorridentes debruçados sobre ele.
- Muito bem – disse uma das jovens -, estamos muito agradecidas por ter-nos salvo do dragão. Queremos que voê escolha uma de nós para ser sua mulher.
- Isso não é possível – respondeu Losang. – Estou viajando para encontrar a bela Buomo e é com ela que vou me casar.
Mas elas tanto insistiram que ele resolveu escolher a mais jovem delas para acompanhá-lo. Ele tinha a impressão de que a conhecia de algum lugar.
Antes de partirem receberam um presente para a viagem. As jovens moldaram com a argila do chão um cavalo perfeito envolvend a pérola luminosa. E quando ele fiou pronto, om o sopro de vento transormou-se num cavalo de verdade, impotente, mágico. A jovem escolhida o montou e despediu-se das companheiras.
No caminho Losang lhe disse:
- Quando chegarmos ao meu destinho, tenho certeza de que você vai encontrar um moço para se casar. Quanto a mim, não penso em ninguém mais a não ser em Boumo.
Depois de um bom tempo de viagem, os dois chegaram à beira de um rio impetuoso. Passando sobre um tronco de árvore estendido acimado rioele puderam alcançar a outra margem, onde havia uma gruta escura. Na entrada da gruta stava uma menina amarrada a uma pedra pelos pulsos e pelo pescoço. Ela contou que la dentro da gruta moravam oito monstros terríveis e que ela era sua prisioneira. Quando dormiam, eles a amarravam para que ela não fugisse. Depois ela revelou a Losang que atrás da gruta estava enterrado um machado, o único instrumento que poderia matar os monstros. Losang foi buscá-lo. Entrou na gruta e matou sete monstros cortando a cabeça dele, um por um. Mas o oitavo surgiu de repente na escuridão da gruta e agarrou Losang por trás, imobilizand-o. Quando o monstro estava prestes a matar o rapaz, a jovem que tinha ficado lá fora soltando as amarras da menina entrou na gruta comuma barra de ferro na mão e bateu na cabeça do monstro derrubando-o. Losang pegou o machado e o matou. E lá estavam os três, Losang e as duas companheiras, com pressa de deixar aquele lugar horroroso. A menina, muito agradecida, deu de presente a Losang uma bolsinha cheia de ervas. Ficou combinado que a jovem acompanharia a menina até sua aldeia e elas iriam montadas no cavalo de Losang, que era suficientemente grande para levar as duas. Enquanto isso Losang seguiria no cavalo mágico e esperaria pela jovem no alto da colina. E assim ele fez, porém a jovem não chegava nunca, o tempo fio passando e começou a chover. O cavalo mágico foi se desmanchando na chuva, foi diminuindo até que sumiu de vez, ficando em seu lugar só a pérola luminosa q estava dentro dele. Depois de esperar muito, Losang guardou a pérola no bolso e continuou a pé pelo caminho com o machado preso à cintura. Uma nuvem de insetos ferozes surgiu de repente sobre ele. Losang se lembrou da bolsa de ervas que tinha dependurada no pescoço, e foi o que o salvou. Esfregando as ervas  pelo corpo espantou os insetos, que desapareceram num instante. Logo depois a jovem companheira da viagem apareceu montada no cavalo de Losang.
- Ainda está em tempo – ela disse. – Você nem sabe como é essa tal de Buomo, por que não desiste dela e se casa comigo ?
Losang sorriu e não disse nada. Pela cara dele não aditanva insistir. Continuaram em silêncio pela estrada tortuosa ladeada de árvores floridas até que entraram em um vale muito verde,de onde se avistava uma aldeia ao pé de uma impotente montanha. Era a aldeia de bela Buomo. Para se chegar lá era presciso atravessar o último rio da viagem, um rio largo e misterioso.
- Chegamos – disse a jovem. – Daqui para frente você segue sozinho. Está vendo essas casinhas do lado de cá do rio ? ali moram umas pessoas que conheço, vou focar com elas enquanto você encontra a bela Buomo. Pode me esperar, vejo você no seu casamento.
Ela saltou do cavalo e despediu-se de Losang.
Algum tempo depois ele chegoua aldeia e, depois de perguntar por Buomo, foi conduzido à casa de seu pai, que se chamava Norbu. Não era um homem amável e amistoso. Com poucas e ríspidas palavras, disse que Losang precisava provar que valia alguma coisa antes de ter permissão para casar com sua filha.
- Estou disposto a qualquer coisa- disse Losang. – Não foi fácil chegar até aqui e saiba que não vou desistir da bela Buomo por nada neste mundo.
- Muito bem, então podemos começar agora mesmo – retrucou Norbu. – Venha comigo.
No pátio da casa estava um cavalo castanho. Na sua sela Norbu prendeu uma moedinha de cobre que tinha um furo no meio. Depois ele deu um tapa no lombo do animal, que saiu a galope.
- Agora você tem que atirar uma flecha e acertar bem no buracoda moeda- ele disse em tom desafiador.
Losang pulou no seu cavalo e armou o arco num segundo. A flecha foi zunindo, mais rápida que o vento. Quando o cavalo de Norbu voltou para o pátio a flecha de Losang, fincada exatamente no buraco da moeda.
- Razoável- disse Norbu. – Você tve sorte dessa vez, não sei se continuará tendo. Mas é melhor continuarmos amanhã, já é quase noite.
Eles voltaram para a casa de Norbu, que mostrou a Losang o quarto em que ele iria dormir. Abriu a porta e, quando Losang entrou, fechou-a rapidamente de trancou o jovem lá dentro. Estava uma escuridão total, e Losang lembrou-se da pérola luminosa que trazi no bolso. Assim que a colocou na palma da mão o quarto se iluminou. E ele viu que estava rodeado de mosquito e outros insetos, no chão, no teto, nas paredes. Dessa vez ele não teve o minimo de sobressalto, afinal era um problema eu ele sabia muito bem como resolver. Com muita calma pegou as ervas dentro da bolsa q havia ganho da menina da gruta e esfregou-as no corpo. Na manhã seguinte, quando Norbu veio abrir a porta, ficou muito surpreso. Na cama, Losang dormia tranquilamente e pelo chão havia milhares de insetos mortos.
Norbu não conseguiu dizer nenhum palavra sobre o que havia acontecido. Disse apenas, secamente, que faltava uma última prova.
Eles saíram da casa e foram até um lugar onde uma pequena multidão estava reunida. Losang passou entre as pessoas, até que viu no meio delas um círculo de fogo. E nesse instante ele se sentiu paralisado ao perceber que, num estrado de madeira colocado bem no alto da fogueira que queimava no meio do círculo, estava uma jovem, com uma flo de laranjeira nos longos cabelos negros.
As pessoas gritavam:
- Grande herói, atravesse o fogo e salve Boumo.
Era um segundo ele se deu conta de que Boumo era a jovem que ele tinha visto carregando o balde, e era também aquela que tinha pressionado a pérola sobre seu peito e o havia acompanhado na viagem . Em menos tempo do que seria possivel contar, ele pegou o machado mágico que trazia preso à cintura e foi cortando os troncos de madeira, abrindo caminho no meio do gofo até chegar aonde estava a jovem e conseguir trazê-la nos braços para fora do anel de chamas.
Não teve jeito. Norbu foi obrigado a reconhecer que Losang era mais do que digno de casar com sua filha e não havia nada que ele pudesse fazer para impedi-lo.
Assim que pôde ficar sozinho com a bela Boumo, Losang perguntou-lhe:
- Por que você não me disse logo quem era, quando me viu perto do rio e depois quando a salvei do dragão?
- Bem, é que eu já tinha ouvido falar de você e quis conhecê-lo melhor – ela respondeu com uma voz muito doce. – E depois, eu não acharia a menor graça em casar com um homem que pensasse que a maior proeza para conquistar uma jovem fosse furar um balde com uma flecha.

Quando Losang voltou para casa com Boumo, montando no seu cavalo gigantesco, um sol magnífico iluminava o caminho durante o dia.
À noite, era uma estrela brilhante que os guiava na direção da mais completa felicidade .


Conto tibetano 
 recolhido por Regina Machado
In: O violino cigano e outros contos de mulheres sábias

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Generosidade


A origem da carência afetiva...

Somos seres necessitados! Necessitamos de água, comida, sol, pessoas, amor, lazer, trabalho, sexo, crescimento e sentido de vida. Buscamos atender nossas necessidades a todo momento.

A maneira que atendemos as necessidades determina o modo como viveremos pela vida toda. Podemos cultivar uma mente insaciável, voraz e exigente em relação às vontades.

A fome é uma necessidade básica, isso não quer dizer que você deva atendê-la sem critério, direcionamento e parada. Para atendê-la você pode escolher um cardápio saudável, preparar sua comida, convidar alguém para compartilhar do alimento e se saciar com uma quantidade razoável.

Mas além da fome queremos matar a carência.

A origem

A carência é uma ilusão emocional que criamos na tentativa de compensar uma “falta” que tivemos ao longo da vida. Atribuímos essa falta aos pais. Lamentamos que eles não deram tudo aquilo que gostaríamos.

Para o insatisfeito sempre houve menos amor, atenção, tempo e incentivo do que gostaria. Carência emocional é essa reivindicação não atendida dos pais.

Se parasse por aí seria bom, o problema é que continuamos a exigir atenção exclusiva, intensa e constante de tudo o que transita ao nosso redor.

Bebemos água do mar e quanto mais bebemos maior a sede.

Exigimos algo de outra ordem que nada tem a ver com o momento presente.

Escravidão

O carente é escravo de receber. Só receber.

A pessoa carente entra numa relação amorosa esperando receber do outro tudo aquilo que fantasia merecer. Sente-se no direito de ser recompensada por cada gesto, afago ou elogio que dá. Na realidade é uma falsa doadora, espera receber na mesma moeda e com juros.

A pessoa carente se mostra frágil e dependente de atenção e provoca a sensação de que por mais que receba nada basta ou é suficiente.

No relacionamento amoroso

Essa base de relação é a maior causa de desastres emocionais, pois a carência é mãe do ciúmes, da inveja, das exigências sem sentido, das brigas por atenção exclusiva, do tédio e do sentimento de insuficiência de uma relação.

Depois de um tempo de relacionamento nada que o outro faça é o suficiente, o nível de exigência vai aumentando e criando uma demanda insustentável. O carente exige mais e mais, votos de compromisso, lealdade, integridade, exclusividade e tentar manter a pessoa amada numa redoma de vidro.

O carente faz isso nos relacionamentos e na vida, pois nem percebe que sempre está tentando cativar a atenção dos outros.

Pessoas exibidas são carentes, os barraqueiros igualmente, os pegajosos já são conhecidos, mas as pessoas frias também (quanto maior a carência maior a proteção numa casca de autossuficiência).

Maneira que vê o mundo

A pessoa carente sempre tem um pensamento de escassez. Tudo pode acabar a qualquer momento, está sempre mesquinhando emoções. Grita em seus pensamentos que algo desastroso vai acontecer. Por isso pode se transformar em possessiva daqueles que agarram você de fato e aqueles que usam de artimanhas emocionais para manter você numa teia psicológica.

O que seria uma pessoa não carente?

Seria alguém que não responsabiliza alguém ou uma situação para abastecer suas necessidades. Ao inves de pedir ou receber algo ela possibilita experiências em conjunto. Sabe que a vida não acontece quando você recebe mas quando você possibilita um espaço em que algo produtivo aconteça. A pessoa não-carente proporciona um espaço como alguém que abre uma roda de dança para que cada um se manifeste livre, sem exigências, pressão ou formato definido.

A base da não-carência é a generosidade desprendida. Se quer deixar de ser carente ofereça algo de si para alguém livre dos resultados.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Sonhos e pernas - Vander Lee

Olhe
Não venha me mostrar o que você não vê
Não venha me provar o que você não crê
Não tente se enganar
Pense
Ninguém pode se dar o que só você tem
Ninguém vai te dizer pra onde vai ou de onde vem
A estrada é pra caminhar
Não perca o resto do tempo que ainda te resta
Não perca tempo pensando que a vida não presta
Certas canções duram pouco, outras são eternas
Por que carros e aviões, se tens sonhos e pernas
Lembre
Que sua consciência é o seu grande farol
Há meses que fazem chuva, semanas que fazem sol
E dias em que tanto faz
Faça
Você faz seu enredo, você é seu Jesus
Feche os olhos do medo e abra o templo da luz
E tente um minuto de paz

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Baraka


Onde deus possa me ouvir - Vander Lee

Sabe o que eu queria agora, meu bem...?
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém.

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair.

Adeus...

" Morro de saudade A culpa é sua"

The reader 

Contra o tempo - Vander Lee

Corro contra o tempo
Prá te ver
Eu vivo louco
Por querer você
Oh! Oh! Oh! Oh!
Morro de saudade
A culpa é sua...

Bares, ruas, estradas
Desertos, luas
Que atravesso
Em noites nuas
Oh! Oh! Oh! Oh!
Só me levam
Prá onde está você...

O vento que sopra
Meu rosto cega
Só o seu calor me leva
Oh! Oh! Oh! Oh!
Numa estrêla
Prá lembrança sua...

O que sou?
Onde vou?
Tudo em vão!
Tempo de silêncio
E solidão...(2x)

O mundo gira sempre
Em seu sentido
Tem a cor
Do seu vestido azul
Oh! Oh! Oh! Oh!
Todo atalho finda
Em seu sorriso nú...

Na madrugada
Uma balada soul
Um som assim
Meio que rock in roll
Oh! Oh! Oh! Oh!
Só me serve
Prá lembrar você...

Qualquer canção
Que eu faça
Tem sua cara
Rima rica, jóia rara
Oh! Oh! Oh! Oh!
Tempestade louca
No Saara....

O que sou?
Onde vou?
Tudo em vão!
Tempo de silêncio
E solidão...(2x)

Te amo... Inexplicavelmente, te amo.

Café Muller- Pina Baush

Esperando aviões - Vander Lee

Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito

E o louco que ainda me resta
Só quis te levar pra festa
Você me amou de um jeito tão aflito

Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em sua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões

Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões

Sou o lamento no canto da sereia
Esperando o naufrágio das embarcações

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Tigresa - Caetano Veloso

Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel
Uma mulher, uma beleza que me aconteceu
Esfregando a pele de ouro marrom do seu corpo contra o meu
Me falou que o mal é bom e o bem cruel

Enquanto os pelos dessa deusa tremem ao vento ateu
Ela me conta, sem certeza, tudo o que viveu
Que gostava de política em 1966
E hoje dança no Frenetic Dancing Days

Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair
Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulher
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor

Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
Porque ela vai ser o que quis, inventando um lugar
Onde a gente e a natureza feliz vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que o leão

As garras da felina me marcaram o coração
Mas as besteiras de menina que ela disse, não
E eu corri pra o violão num lamento, e a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento

"Open up your plans and damn you're free"


I´m yours - Jason Mraz

Well, you done, done me and you bet I felt it
I tried to be chill but you're so hot that I melted
I fell right through the cracks, now I'm trying to get back

Before the cool done run out, I'll be giving it my bestest
And nothing's gonna stop me but divine intervention
I reckon it's again my turn to win some or learn some

But I won't hesitate no more, no more
It cannot wait, I'm yours

Well, open up your mind and see like me
Open up your plans and damn you're free
Look into your heart and you'll find love, love, love, love

Listen to the music of the moment people dance and sing
We're just one big family
And it's our God-forsaken right to be loved
Loved, loved, loved, loved

So I won't hesitate no more, no more
It cannot wait, I'm sure
There's no need to complicate, our time is short
This is our fate, I'm yours

D-d-do you, but you, d-d-do
But do you want to come on?
Scooch on over closer dear
And I will nibble your ear

I've been spending way too long checking my tongue in the mirror
And bending over backwards just to try to see it clearer
But my breath fogged up the glass
And so I drew a new face and laughed

I guess what I'm saying is there ain't no better reason
To rid yourself of vanities and just go with the seasons
It's what we aim to do, our name is our virtue

But I won't hesitate no more, no more
It cannot wait I'm yours

Come on and open up your mind and see like me
Open up your plans and damn you're free
Look into your heart and you'll find that the sky is yours

So please don't, please don't, please don't
There's no need to complicate
Cause our time is short
This is, this is, this is our fate, I'm yours!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Medianeras


Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Felinas


Na manha do gato...

Coelho para os astrólogos chineses e japoneses, Gato, para os vietnamistas, este é um signo marcado pela sorte, pelo mistério, pela ambiguidade.

O mais prudente de todos os signos animais, o Coelho é, antes de tudo, um pacifista. Em virtude da sua necessidade de harmonia e paz interiores, afasta-se de tudo o que possa trazer complicação, envolvimento, intranquilidade. Tenta manter, e em geral com bastante sucesso, a própria calma, contornando os problemas mais intrincados com inteligência e vivacidade. Mas o Coelho raramente se defronta com uma situação complicada.

Seu espírito é reservado, conservador, amante das artes. Seja qual for o tipo de vida escolhida, o Coelho sempre estará rodeado de objetos de bom gosto, de valor e requinte. Ele é conhecido pelo seu admirável tino comercial que, aliado ao seu amor pelo conforto, permite-lhe um rápido desenvolvimento financeiro.

O Coelho aprecia a própria independência e, mesmo na vida em família, evita envolvimentos mais profundos. Não que seja indiferente a esse tipo de coisas, ele simplesmente valoriza a vida alheia como valoriza a própria tranquilidade. Em geral, o Coelho não é muito perseverante e, quando percebe que vive sob pressão de problemas insolúveis, não hesita em deixar tudo para trás.

A solidão não chega a ser um problema para o nativo deste signo. O Coelho pode, e muitas vezes prefere, viver perfeitamente bem quando só e é bastante feliz, desde que esteja rodeado pelos objetos que ativam suas mais doces recordações. O Coelho reverencia tudo o que tenha alguma ligação com o passado e, em especial, com a sua infância.

Gentil e cortês, gosta de ser tratado com a mesma atenção com que trata os outros. É amigo afetuoso e protetor, e não mede esforços para simplificar a vida das pessoas. Nem demasiadamente possessivo, nem de todo indiferente, é o tipo de amigo com que se pode contar sempre. Discreto, evita fazer críticas ou meter-se onde não é chamado. Isso faz com que seja popular e apreciado por todos os que o conhecem. Contudo, como gosta de paz, afasta-se das amizades que possam ameaçar a sua tranquilidade.

Muito consciente de suas possibilidades, possui uma inabalável auto-estima. Detesta receber críticas, pois conhece, mais do que ninguém, suas próprias limitações e não precisa que ninguém lhe aponte os defeitos.

O Coelho pode ser maníaco pela ordem e a limpeza. Em geral, um típico nativo desse signo prefere o aconchego do lar às viagens que não lhe garantam conforto. Gosta de saber onde estão suas coisas e é muito apegado ao seu cantinho.
A harmonia do meio ambiente é vital para que o Coelho possa dar vazão à sua criatividade. Seja nos afazeres domésticos, seja no trabalho, seja na escola, o Coelho precisa de ordem para ser produtivo. Enfim, dá o máximo de si quando o mundo à sua volta não apresenta nenhuma ameaça ao seu refinado senso estético.

O Coelho pode parecer tímido e recatado. Apesar de ser muito suscetível à opinião dos outros, não sai em busca de aplausos. Gosta mais de refletir do que de falar. Seu gosto pela meditação afasta-o muitas vezes da família ou de seu círculo social. Contudo, apesar de seu temperamento retraído, é bastante observador e meticuloso.

No seu aspecto negativo, torna-se vaidoso e superficial. Conhece um pouco de tudo, é capaz de discutir sobre qualquer assunto, mas não de forma profunda. De qualquer modo, tudo o que disser terá a marca do bom senso e do cuidado.
Apesar de ser profundamente avesso às competições, à pressa e às brigas, o Coelho é muito capaz de defender os seus próprios interesses. Hábil, esperto, usa dos artifícios mais requintados para conseguir o que deseja; mas, no que diz respeito ao amor, prefere a sedução tranquila aos combates apaixonados.

As táticas subversivas do Coelho são famosas. Quando se sente ameaçado, em vez de atacar na linha de frente, o nativo deste signo escolhe uma pessoa mais combativa para representá-lo.

Para o Coelho típico, as reclamações e as queixas são sinais de fraqueza. Por isso, evita envolver outras pessoas em seus sofrimentos pessoais, que são tratados com muita reserva e discrição.

Apesar de ter uma constituição forte e saudável, o Coelho preocupa-se muito com a própria saúde. No entanto, raramente fala sobre suas dificuldades e inadequações com pessoas que não conhece bem.

O nativo de Coelho possui uma visão realista do mundo e da vida. Raramente se deixa enganar pelas aparências ou pelas palavras floreadas. Por isso, não ilude e não gosta de ser iludido.

Pense na paz e na serenidade, é a principal característica deste animal. Provavelmente dessa procura de tranquilidade surge a observação aguçada que faz do Coelho um atento observador de detalhes, e as conclusões que tira deles são sempre apuradas.

É um pouco narcisista e se orgulha dos amigos e das pessoas mais próximas. É sensível e deixa que esta qualidade apareça em tudo o que faz. No amor é discreto, não demonstra afeto abertamente, e tem um grande poder de sedução.

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