O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: Uma história de amor

Um livro cheio de suspiros... Petisco inteiro! Uma delícia de leitura do início ao fim! Com uma delicadeza poética e um olhar crítico para a "língua do povo", Jorge Amado vai tecendo esta fábula, por duas vias, uma com a visão geral dos bichos do parque, contaminado de julgamentos e uma outra, poética pura e livre de qualquer pré conceito, como age a Andorinha Sinhá.
Petisquemos:

"(Quando ela passava, risonha e trêfega, não havia pássaro em idade casadoira que não suspirasse. Era muito jovem ainda, mas, onde quer que estivesse, logo a cercavam todos os moços do parque. Faziam-lhe declarações, escreviam-lhe poemas, o Rouxinol, seresteiro afamado, vinha ao clarão da lua cantar à sua janela. Ela ria para todos, com todos se dando, não amava nenhum. Livre de todas as preocupações voava de árvore em árvore pelo parque, curiosa e conversadeira, inocente coração. No dizer geral não existia, em nenhum dos parques por ali espalhados, andorinha tão bela nem tão gentil quanto a Andorinha Sinhá.)"  p. 21

" O Gato Malhado aspirou a plenos pulmões a Primavera recém- chegada. Sentia-se leve, gostaria de dizer palavras sem compromisso, de andar à toa, até mesmo de conversa com alguém. Procurou mais uma vez com os olhos pardos, mas não viu ninguém. Todos haviam fugido. 
Não, todos não. No ramo de uma árvore a Andorinha Sinhá fitava o Gato Malhado e sorria-lhe. Somente ela não havia fugido. De longe seus pais a chamavam em gritos nervosos. E, dos seus esconderijos, todos os habitantes do parque miravam espantados a Andorinha Sinhá que sorria para o Gato Malhado. Em torno era a Primavera, sonho de um poeta. " p.20

Delicie-se!!! Boa leitura!

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