sábado, 22 de fevereiro de 2014

" Como posso saber de onde eu venho Se a semente profunda eu não toquei?"


Sêmen - Mestre Ambrósio

Nos antigos rincões da mata virgem
Foi um sêmen plantado com meu nome
A raiz de tão dura ninguém come
Porque nela plantei a minha origem
Quem tentar chegar perto tem vertigem
Ensinar o caminho, eu não sei
Das mil vezes que por lá eu passei
Nunca pude guardar o seu desenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?

Esse longo caminho que eu traço
Muda contantemente de feição
E eu não posso saber que direção
Tem o rumo que firmo no espaço
Tem momentos que sinto que desfaço
O castelo que eu mesmo levantei
O importante é que nunca esquecerei
Que encontrar o caminho é meu empenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?

Como posso saber a minha idade
Se meu tempo passado eu não conheço
Como posso me ver desde o começo
Se a lembrança não tem capacidade
Se não olho pra trás com claridade
Um futuro obscuro aguardarei
Mas aquela semente que sonhei
É a chave do tesouro que eu tenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?

Tantos povos se cruzam nessa terra
Que o mais puro padrão é o mestiço
Deixe o mundo rodar que dá é nisso
A roleta dos genes nunca erra
Nasce tanto galego em pé-de-serra
E por isso eu jamais estranharei
Sertanejo com olhos de nissei
Cantador com suingue caribenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?

Como posso pensar ser brasileiro
Enxergar minha própria diferença
Se olhando ao redor vejo a imensa
Semelhança ligando o mundo inteiro
Como posso saber quem vem primeiro
Se o começo eu jamais alcançarei
Tantos povos no mundo e eu não sei
Qual a força que move o meu engenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?

E eu
Não sei o que fazer
Nesta situação
Meu pé...
Meu pé não pisa o chão.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

" Cuidado com ela, moço/ Há de se ter cautela com essa gente que menstrua" Elisa Lucinda


Vênus

"As relações formadas por amor são as mais estáveis, o amor deixa o outro  ser o que é, gosta do outro pelo que ele é, e gosta também, de si próprio. A harmonia permite que o outro se mova de acordo com a sua natureza e torna as pessoas mais conscientes de si próprias e, portanto, em sintonia com o mundo."

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Filosofia sufi

Se você ama uma pessoa, aos poucos a forma dela desaparece e você fica mais em contato com o seu interior. E se você for mais fundo, até mesmo o interior dela desaparece e o além abre-se. Essa pessoa era apenas uma porta, e através da pessoa amada você encontra o divino. Quando não se consegue amar precisa- se de provas e rituais. O amado está sempre aí, é só deixá-lo revelar- se. Se você dançar em volta de uma árvore torna- se o amado. Mas é difícil estar em contato com o universal, ele não tem começo nem fim, ele é imenso. Mas o caminho para chegar ao universal é sempre através de uma pessoa. Portanto, ame. E que o amor não seja uma competição,  mas uma profunda aceitação do outro. E convide- o a que penetre e mergulhe em você, também sem qualquer condição. E de repente o outro desaparecerá e Deus estará presente. Se o amado não puder tornar- se divino, então nada no mundo poderá tornar-se divino e toda religião será absurda. 
Isso pode acontecer em relação a uma criança e até a um cachorro por exemplo. Se você estiver num relacionamento profundo com alguma coisa, essa coisa se tornará divina. A chave básica é deixar que o outro penetre no seu amâgo. As pessoase aborrecem umas com as outras e ficam esperando algo de uma outra pessoa. Não espere nada de ninguém, tente encontrar no outro aquilo que está oculto. 

in: Conhecimento da Astrologia - Anna Maria da Costa Ribeiro 

" E o capoeira Que era valente chorou"


Iaiá do Cais Dourado - Martinho da Vila

No cais dourado da velha Bahia
Onde estava o capoeira
A Iaiá também se via
Juntos na feira ou na romaria
No banho de cachoeira
E também na pescaria

Dançavam juntos
Em todo fandango e festinha
E no reisado
Contra mestre e pastorinha

Cantavam, iaiaralaiá, iaiá
Nas festas do alto do Cantuá
Mas loucamente

A Iaiá do cais dourado trocou seu amor
Ardente por um moço requintado
E foi-se embora
Passear de barco à vela
Desfilando em carruagem
Já não era mais aquela

E o capoeira
Que era valente chorou

Até que um dia a mulata
Lá no cais apareceu
Ao ver o seu capoeira
Pra ele logo correu

Pediu guarida
Mas o capoeira não deu
Desesperada
Caiu no mundo a vagar
E o capoeira
Caiu no mundo a vagar
Ficou com o seu povo a cantar...
Laiá, iaiá, iaiá iaiá
Laiá, iaiá, iaiá iaiá

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Boa noite


Acontecimentos - Marina Lima

Eu espero
Acontecimentos
Só que quando anoitece
É festa no outro apartamento

Todo amor
Vale o quanto brilha
E aí
O meu ainda brilhava
Brilho de jóia e de fantasia

O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim

Era fácil
Nem dá pra esquecer
E eu nem sabia
Como era feliz de ter você

Como pôde
Queimar nosso filme
Um longe do outro
Morrendo de tédio e de ciúmes

O que que há com nós dois amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim