O Velho e o Mar




A história, que se passa em Havana, inicia-se com o azar de Santiago na pesca, que já está há 84 dias sem pescar nada. Manolin, o garoto que pesca com Santiago, e a quem Santiago ensinou a pescar, é proibido por seus pais de pescar com o velho pescador. O garoto vai pescar num outro barco, porém, sempre está com o seu mestre da pesca, leva-lhe comida, lhe conta as novidades esportivas.
No octogésimo quinto dia a sorte de Santiago muda... Inicia-se então a grande luta de O Velho e o Mar. 

Pelas veredas da história vemos o amor do aprendiz Manolin e do velho Santiago, que ao fim nos deixa remexidos... Pela pureza e gravidade deste amor que se preocupa, nutre e cura. 

Com uma narrativa altamente descritiva e concisa de lirismos e outros exageros adjetivos Hemingway surpreende com um olhar humano, prático, finamente poético. Em sua narrativa, Santiago, apesar de prometer rezar uma centena de padre-nossos, admite não saber o que é pecado e ao mesmo tempo reconhece sua ligação fraterna com os peixes e o respeito pela natureza e seu ofício. Numa luta diária em que os todos nós somos animais e para sobrevivermos matamos nossos irmãos peixes. 

Outro aspecto muito peculiar, que me ressaltou aos olhos, é o fato de Hemingway em seu texto apontar para um olhar mais próximo da Natureza e mais distante do Materialismo Capistalista inspirado pelos ideais norteamericanos do supra consumo atual. 

Enfim, uma leitura maravilhosa, de deixar os nervos cansados da luta de Santiago e nos colocar perante às nossas fraquezas e conquistas, a simples clareza de que somos uma pequena parte da Natureza. 

Petisque: 

" Finalmente pôs o mastro no chão e levantou-se. Tornou a pegar no mastro, pô- lo aos ombros, e começou de novo a caminhar. Teve de sentar-se cinco vezes antes de chegar à cabana. 
Já dentro dela encostou o mastro na parede. No meio da escuridão encontrou uma garrafa de água e bebeu até matar a sede. Depois se deitou na cama. Cobriu-se com a manta, tentando agasalhar bem as costas, os ombros e as pernas, e adormeceu com a cabeça apoiada no rolo de jornais que lhe servia de travesseiro. Ficou assim de costas para o ar, as mãos estendidas ao longo do corpo com as palmas viradas para cima. 
Dormia ainda quando, pela manhã, o garoto espreitou pela porta. O vento soprava com tanta força que impedira os barcos de pesca de sair para o mar. Manolin tinha-se levantado mais tarde e fora em seguida para a cabana do velho, como fazia todas as manhãs. O garoto viu que o velho respirava, observou-lhe então as mãos e começou a chorar. Saiu para a rua sem fazer o menor ruído e afastou-se para ir buscar café. Durante todo o caminho não parou de chorar. 
Muitos dos pescadores da aldeia estavam em volta da embarcação do velho Santiago e olhavam para o que estava  ao costado do barco; um deles estava com água até os joelhos medindo o esqueleto com um pedaço de linha. 
O garoto não desceu à praia. Já estivera lá, e a seu pedido um dos homens se encarregara de tomar conta da embarcação. 
- Como está ele? - gritou-lhe um dos pescadores. 
- Dorme - respondeu o garoto. E não se importou que o vissem chorando.  - Não o incomodem. "

Hernest Hemingway


HEMINGWAY, Ernest. O velho e o mar.  trad. Fernando de Castro Ferro 61ºed. Rio de Janeiro: Berthand Brasil. 2008
pág. 120,121 e 122
 

Um comentário:

Só experimentos disse...

http://www.soexperimentos.blogspot.com.br/2014/03/resenha-o-velho-e-o-mar-old-man-and-sea.html