terça-feira, 28 de outubro de 2014

A origem da carência afetiva...

Somos seres necessitados! Necessitamos de água, comida, sol, pessoas, amor, lazer, trabalho, sexo, crescimento e sentido de vida. Buscamos atender nossas necessidades a todo momento.

A maneira que atendemos as necessidades determina o modo como viveremos pela vida toda. Podemos cultivar uma mente insaciável, voraz e exigente em relação às vontades.

A fome é uma necessidade básica, isso não quer dizer que você deva atendê-la sem critério, direcionamento e parada. Para atendê-la você pode escolher um cardápio saudável, preparar sua comida, convidar alguém para compartilhar do alimento e se saciar com uma quantidade razoável.

Mas além da fome queremos matar a carência.

A origem

A carência é uma ilusão emocional que criamos na tentativa de compensar uma “falta” que tivemos ao longo da vida. Atribuímos essa falta aos pais. Lamentamos que eles não deram tudo aquilo que gostaríamos.

Para o insatisfeito sempre houve menos amor, atenção, tempo e incentivo do que gostaria. Carência emocional é essa reivindicação não atendida dos pais.

Se parasse por aí seria bom, o problema é que continuamos a exigir atenção exclusiva, intensa e constante de tudo o que transita ao nosso redor.

Bebemos água do mar e quanto mais bebemos maior a sede.

Exigimos algo de outra ordem que nada tem a ver com o momento presente.

Escravidão

O carente é escravo de receber. Só receber.

A pessoa carente entra numa relação amorosa esperando receber do outro tudo aquilo que fantasia merecer. Sente-se no direito de ser recompensada por cada gesto, afago ou elogio que dá. Na realidade é uma falsa doadora, espera receber na mesma moeda e com juros.

A pessoa carente se mostra frágil e dependente de atenção e provoca a sensação de que por mais que receba nada basta ou é suficiente.

No relacionamento amoroso

Essa base de relação é a maior causa de desastres emocionais, pois a carência é mãe do ciúmes, da inveja, das exigências sem sentido, das brigas por atenção exclusiva, do tédio e do sentimento de insuficiência de uma relação.

Depois de um tempo de relacionamento nada que o outro faça é o suficiente, o nível de exigência vai aumentando e criando uma demanda insustentável. O carente exige mais e mais, votos de compromisso, lealdade, integridade, exclusividade e tentar manter a pessoa amada numa redoma de vidro.

O carente faz isso nos relacionamentos e na vida, pois nem percebe que sempre está tentando cativar a atenção dos outros.

Pessoas exibidas são carentes, os barraqueiros igualmente, os pegajosos já são conhecidos, mas as pessoas frias também (quanto maior a carência maior a proteção numa casca de autossuficiência).

Maneira que vê o mundo

A pessoa carente sempre tem um pensamento de escassez. Tudo pode acabar a qualquer momento, está sempre mesquinhando emoções. Grita em seus pensamentos que algo desastroso vai acontecer. Por isso pode se transformar em possessiva daqueles que agarram você de fato e aqueles que usam de artimanhas emocionais para manter você numa teia psicológica.

O que seria uma pessoa não carente?

Seria alguém que não responsabiliza alguém ou uma situação para abastecer suas necessidades. Ao inves de pedir ou receber algo ela possibilita experiências em conjunto. Sabe que a vida não acontece quando você recebe mas quando você possibilita um espaço em que algo produtivo aconteça. A pessoa não-carente proporciona um espaço como alguém que abre uma roda de dança para que cada um se manifeste livre, sem exigências, pressão ou formato definido.

A base da não-carência é a generosidade desprendida. Se quer deixar de ser carente ofereça algo de si para alguém livre dos resultados.


2 comentários:

Élida Regina Pereira disse...

Que legal essa reflexão!! Continuarei refletindo...
Beijos Dani... Saudade!!

Danieli Casimani disse...

Este é realmente um assunto para se refletir muito... hehehehhe! Saudade também, Élida!!! Obrigada por passar sempre por aqui!!! Cheiroo!!