Cartas a um jovem poeta...


Dentro do silêncio, do desconhecimento há um caminho. E segui-lo é um ato de coragem, é uma sublimação. Ler este livro é encontrar-se com um dos mais humanos dos poetas do mundo. 

Petisque:

" Deixar amadurecer inteiramente, no âmago de si, nas trevas do indizível e do inconsciente, do inacessível a seu próprio intelecto, cada impressão e cada gume de sentimento, e aguardar com profunda humildade e paciência a hora do parto de uma nova claridade: só isso é viver artisticamente na compreensão e na criação. 
Aí o tempo não serve de medida, um ano nada vale, dez anos não são nada. Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranquila as tempestades da primavera, sem medo que depois dela não venha nenhum verão. O verão há de vir. Mas virá só para os pacientes, que aguardam num grande silêncio, como se diante deles estivesse a eternidade. Aprendo-o diariamente, no meio de dores a que sou agradecido: a paciência é tudo." 

in: RILKE,  Maria Reiner. Cartas a um jovem poeta : a canção de amor e de morte  do porta-estandarte Cristóvão Rilke. 2ªed. São Paulo: Ed. Globo. 2009. p. 37