quinta-feira, 27 de junho de 2013

Danza de la tierra - Ricardo Legorreta


La danza

No te amo como si fueras rosa de sal,
topacio o flecha de claveles que propagan el fuego:
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.

Te amo como la planta que no florece y lleva 
dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.


Te amo sin saber como, ni cuando, ni de donde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,
sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.

Pablo Neruda 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O homem que virou suco


A Pequena Revolução de Jacques Prevért

Há um poeta imóvel
No meio da rua.
Não é anjo bobo
Que viva de brisa
Nem é canibal
Que coma carne crua.

Não vende gravatas,
Não prega sermão,
Não teme o inferno,
Não reclama o céu.
É um poeta apenas,
Sob seu chapéu.

À sua volta, o trânsito
Escorre, raivoso,
E o semáforo muda,
Célere, os sinais.
Mas o poeta não sai
De seu lugar. Jamais.

Diz um padre: – “É pecador.
Blasfemou, praticou
Fornicação, assalto.
Por castigo ficou
Atado ao asfalto.”

Diz um rico: “É anarquista,
Que mastiga pólvora,
Que bebe cerveja.
E espera a explosão
Da bomba sob a igreja.”

Diz um soldado: “É agente
De potência estrangeira.
Aguarda seus cúmplices,
Ocultos em algum
Lugar desta ladeira.”

Diz um doutor: “É vítima
De mal perigoso.
Está paralítico,
Ou talvez nefrítico,
Ou então leproso.”

Ante notícias
Tão contraditórias,
Há queda na Bolsa,
Pânico na Sé,
Cai o Ministério,
E foge o doutor,
O padre, o soldado,
O Rico, o ministro,
O governador.

Sem donos, o povo
Livra-se dos impostos;
Sem padres, o povo
Livra-se da missa;
Sem doutores, o povo
Livra-se da morte.

As ruas se animam
De vozes, de cores,
De passos, pregões,
Abraços, canções.
E, no meio da rua
Sob seu chapéu,
Sob o azul do céu,
O poeta sorri,
Completo,
Feliz.
José Paulo Paes

terça-feira, 11 de junho de 2013

Isabel Sarli



Finalmente- Ney Matogrosso

A vida toda eu esperei por agora
Sentir o teu perfume assim tão de pertinho
Esse teu cheiro que existe só na flora
Naquelas flores que também contém espinhos

A vida toda eu esperei essa glória
Beijar mordendo esses teus lábios de fruta
Boca vermelha cor de amora cor da aurora
Dois cogumelos recheados com açúcar

Já vem de longe esse desejo perene
Suco de kiwi escorrendo lentamente
Não é de hoje que eu preciso conter-me
Chegou a hora vamos ver finalmente

domingo, 9 de junho de 2013

Domingo de (amar o) Sol...


Sóis de Outono

Ai, doutor...
Todo o dia, quando o sol
se põe, sinto saudade...

- Acho que é amor...

- Tem cura?

- Espero que não...

Danieli de Castro 

domingo, 2 de junho de 2013

Spider Lilies


Devaneios

Gosto mesmo é de desenhar
o mundo
com as palavras

foi o que ela me disse
depois de dizer
que dormiu um sonho:

a cama era de flores
brancos jasmins
pleno perfume...

então levantou-se confusa
sem sorrir, mas alegre.

Não disse nada a ela
que enquanto dormia
eu sonhava

o calor do corpo dela
era cheiro de jardim...

Danieli de Castro

sábado, 1 de junho de 2013


Aprovação

Meus antepassados
chegaram primeiro

deixaram a terra arada...
Possível de plantar,

Aí, a noite veio e cantou
a beleza que a acompanha sempre
às sextas- feiras.

Foi então a luz
maior

Meus antepassados
me acolheram pelo olhar

e aprovaram o que viram...

Danieli de Castro