sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Fight Club



Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. 


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. 


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
 Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos, 
 Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo? 
 Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?   Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Álvaro de Campos

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A insustentável leveza do ser


Sob o sol da Primavera

Dentro de mim há um ser
um ser que me habita
E não sei bem quem é

Andei pelas ruas
Desligada e serena
E eis que minha sombra
Apoderou-se de mim

Me seduziu com palavras
Me encantou com promessas de riquezas
Sombra sorrateira
Mais me conhece que eu?

Nem pergunte se meu corpo cedeu
Qual manteiga em alta temperatura...

E eis que a luz é o
Caminho da cura

Eu sou mais do que eu.
Será que a sombra me precedeu?

Lascividades, desejos, cobiça
Vingança, ciúme, possessividade
Orgulho, raiva e impaciência

Motivadores imensos
de clemência, tolerância
e serenidade.

Eis mais uma Danielidade!

Amor, carinho, doação,
paciência, liberdade,
Tranquilidade, humildade, perdão.

Eis o caminho do coração.

Danieli de Castro

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

" As pessoas não são más, elas só estão perdidas, ainda há tempo"

Mariô

Ainda há tempo - Criolo

Cê quer saber,
então vou te falar
porque as pessoas sadias adoecem,
bem alimentadas
ou não porque perecem?
Tudo está guardado na mente,
o que você quer nem sempre
condiz com o que o outro sente.
Eu tô falando é de atenção,
que dá cola ao coração,
que faz marmanjo chorar
se faltar
um simples sorriso
ou às vezes um olhar,
e que se vem da pessoa errada
não conta,
a amizade é importante
mas o amor escancara tanto,
e o que te faz feliz
também provoca a dor,
a cadência do surdo no coro que se forjou
e aliás, cá pra nós, até o mais desandado
dá um tempo na função quando percebe que é amado.
E as pessoas se olham e não se falam,
se esbarram na rua e se maltratam,
usam a desculpa de que nem Cristo agradou,
falô, você vai querer mesmo se comparar com o Senhor?

As pessoas não são más,
elas só estão perdidas,
ainda há tempo.
Não quero ver
você triste assim não
que a minha música possa
te levar amor.

Exemplo não sou, estou longe de ser,
cidadão comum com vontade de vencer.
Rap, que energia é essa?
Um dom, um carma,
uma dívida, uma prece,
e infelizmente tem
alguns que desmerecem.
É tanta coisa na cabeça,
sai fora, me esquece,
sem saúde, sem paz
o nosso povo padece.
No Grajaú, só,
num frio de dar dó,
esperando a lotação
pra ir pro evento de Rap,
lembrei de alguém
que não está mais entre a gente,
a Dona Morte vem,
carrega os manos na mó pressa,
uma estrela a mais no céu
o rimador falta na Terra.
Deus sabe sempre o que tá fazendo,
mesmo sabendo disso eu sofro,
vai vendo.
Quem tem noção das coisas
sente o peso da maldade,
a cobrança é maior,
a inteligência traz vaidade,
quem se deixou levar
fraquejou, essa é a verdade,
aprenda com os erros,
não se sinta um covarde.
Na praia Jesus me carregou no colo,
eu vi um par de pegadas,
não entendi o óbvio,
que o fardo não é maior
do que eu posso carregar.
Se a vida é um jogo então
vamos ganhar!

As pessoas não são más,
elas só estão perdidas,
ainda há tempo.
Não quero ver
você triste assim não
que a minha música possa
te levar amor.

Então me fala, fala,
pergunta que não cala.
Se o Rap é pro bem então
por que tanta gente atrapalha?
Com o poder da mente
a maldade paraliso,
o mecanismo do sistema
é sugar sua alma vivo.
Seu sangue, seu suor,
são só um detalhe nisso,
chuva ácida será bem pior
que um lançamento de um míssil.
Entre o céu e o inferno,
no Grajaú me localizo,
flutuando na hipocrisia
do lodo e do fascismo,
pronto pra rimar,
um doido criolo mestiço,
eu não sou preto,
eu não sou branco,
eu sou do Rap,
eu sou bem isso.
Quem perdeu a noção
por luxúria tá perdido,
quem perdeu a razão
por dinheiro eu nem te digo.
Saúde e microfone
são as fórmulas de que preciso,
porque se o Rap tá comigo
eu não me sinto excluído.

As pessoas não são más,
elas só estão perdidas,
ainda há tempo.
Não quero ver
você triste assim não
que a minha música possa
te levar amor.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Quem sou eu?


Bogotá - Criolo

Fique atento, irmão
Fique atento, quando uma pessoa lhe oferece um caminho mais curto
Quando uma pessoa lhe oferece um caminho mais curto, fique atento
Vamos embora para Bogotá
Muambar, muambei
Vamos cruzar Transamazônica
Pra levar pra freguês
Vai ser melhor do que em Pasárgada
Agradar até o rei

Se você quer amor, chegue aqui
Se quer esquecer a dor, venha pra cá
Pois a ilusão é doce como o mel
E cada um sabe o preço do papel
Quem tem e de onde vem
Es qualité no exterior

Vamos embora para Bogotá
Muambar, muambei
Vamos cruzar Transamazônica
Pra levar pra freguês
Vai ser melhor do que em Pasárgada
Agradar até o rei

Desde pequeno sabe o que é isso:
No fio da navalha brincar no precipício
A vida e a morte, escolha o seu troféu
Pois cada um sabe o preço do papel
Quem tem e de onde vem
Es qualité no exterior

Vamos embora para Bogotá
Muambar, muambei
Vamos cruzar Transamazônica
Pra levar pra freguês
Vai ser melhor do que em Pasárgada
Agradar até o rei

Vamos embora para Bogotá
Muambar, muambei
Vamos cruzar Transamazônica
Pra levar pra freguês
Vai ser melhor do que em Pasárgada
Agradar até o rei
Muambar, muambei
Pra levar pra freguês
Agradar até o rei