segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Apocalypto


Amor feinho

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero um amor feinho.


Adélia Prado

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Distância


Rios

Rios, quando ainda são rios,
Conservam vegetação nas margens.
Córregos são águas geralmente claras
Que correm rasas entre as pedras.
 
Algumas vezes árvores chegam a cobrir um rio por inteiro:
Suas copas vão tecendo um véu verde sobre as águas
(em geral muito limpas) que correm.
 
 As margens de um rio são plantas e terra molhada.
Terra e água em convivência pacífica.
Que não é lama, é terra e água,
Em sua diferença.
 
O leito se sabe leito daquele fluxo líquido inserido no chão. 
Eu poderia chorar de coisas assim:
Corre um rio de minha boca corre um rio de minhas mãos.
Dos meus olhos corre um rio.
 
Na verdade sofro de excessos, que me dão certo vocabulário
Como derramar, escorrer, atravessar.
Tenho a impressão de que tudo vaza em sobras.
Tenho dificuldade em caber.  
 
Pra caber mais derramo por nada derramo sem motivo.
Vou acalmar meu excesso pensei
Ministrando doses diárias de barcos ancorados ao sol,
Rodeados por pequenos pássaros em busca de restos de peixe.
 
Águas se lançando sobre as pedras e um vento que parece vivo,
Como se tivesse a intenção de às vezes fazer agrados
Em minha pele.
 
Meu rosto tem muita simpatia por ventos,
Reconhece certos humores próprios a vento.
Gosto de coisas que se movem.
 
Por isso aprecio rios e não sou tanto assim apegada a mares.
E árvores.
Se bem que tenho enorme ternura por bois
Fincados no pasto como palavras no papel.
 
Palavras são estacas fincadas ao chão.
Pedras onde piso nessa imensa correnteza que atravesso.
 
Viviane Mosé
 

" O som é seu o sol é meu Quero viver quero viver lá"


Atrás do trio elétrico - Caetano Veloso

Atrás do trio elétrico
Só não vai quem já morreu
Quem já botou pra rachar
Aprendeu, que é do outro lado
Do lado de lá do lado
Que é lá do lado de lá
O sol é seu
O som é meu
Quero morrer
Quero morrer já
O som é seu
O sol é meu
Quero viver
Quero viver lá
Nem quero saber se o diabo
Nasceu, foi na bahi ...
Foi na bahia
O trio elétrico
O sol rompeu
No meio-dia
No meio-dia
 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Chocolate


Anunciação - Alceu Valença

Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Pra brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal


Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Pra brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal


Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais


A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais


Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais


Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!


Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Pra brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal


Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais


A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais


Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O mundo dos pequeninos


O amor bate na aorta

Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.

O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 18 de outubro de 2015

"No solo de pan vive el hombre y no de excusas vivo yo"


La tortura - Shakira feat Alejandro Sanz

Ay payita mía, guárdate la poesía
Guárdate la alegría pa'ti

No pido que todos los días sean de sol
No pido que todos los viernes sean de fiesta
Tampoco te pido que vuelvas rogando perdón
Si lloras con los ojos secos y hablando de ella

Ay amor, me duele tanto, me duele tanto
Que te fueras sin decir adónde
Ay amor, fue una tortura perderte

Yo sé que no he sido un santo
Pero lo puedo arreglar, amor
No solo de pan vive el hombre
Y no de excusas vivo yo
Sólo de errores se aprende
Y hoy sé que es tuyo mi corazón
Mejor te guardas todo eso
A otro perro con ese hueso y nos decimos adiós

No puedo pedir que el invierno perdone a un rosal
No puedo pedir a los olmos que entreguen peras
No puedo pedirle lo eterno a un simple mortal
Y andar arrojando a los cerdos miles de perlas

Ay, amor, me duele tanto, me duele tanto
Que no creas más en mis promesas
Ay, amor, es una tortura perderte

Yo sé que no he sido un santo
Pero lo puedo arreglar, amor
No solo de pan vive el hombre
Y no de excusas vivo yo
Sólo de errores se aprende
Y hoy sé que es tuyo mi corazón
Mejor te guardas todo eso
A otro perro con ese hueso y nos decimos adiós

No te bajes, no te bajes
Oye negrita, mira, no te rajes
De lunes a viernes tienes mi amor
Déjame el sábado a mi que es mejor
Oye mi negra, no me castigues más
Porque allá afuera sin ti no tengo paz
Yo sólo soy un hombre arrepentido
Soy como el ave que vuelve a su nido

Yo sé que no he sido un santo
Pero es que no soy hecho de cartón
No solo de pan vive el hombre
Y no de excusas vivo yo
Sólo de errores se aprende
Y hoy sé que es tuyo mi corazón

Ay, ay, ay, ay, ay
Ay, todo lo que he hecho por ti
Fue una tortura perderte
Me duele tanto que sea así
Sigue llorando perdón, yo
Yo no voy a llorar hoy por ti
 
 

domingo, 11 de outubro de 2015

Lei hermética da Correspondência...

Todo lo que somos es el resultado de lo que hemos pensado; esta fundado en nuestros pensamientos y esta hecho de nuestros pensamientos 

Correspondência

Eis que do passo uma dança
Sob a luz do sol a criança

E a mulher que caminha
pela estrada de terra

Leve e singela
Despreocupada e distante

Eis que do homem se faz o amante
Sob a luz da lua o desejo

Três cobertores e um beijo

Eis que a vida indica a tendência
No cavalgar das horas a santa correspondência

O que há nesse amor, que a gente nunca entende

O sábio Mestre vem e nos orienta:

Ame apenas sem explicação
Não se questiona as batidas de um coração.

Danieli de Castro