quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Haku e Chihiro

A Viagem de Chihiro

Música clássica

Eduardo apaixonou-se por Maria assim que viu seus olhos brilhantes e a maneira meio apressada que a moça tinha de falar as coisas que vinham diretas do seu coração. Espontânea e lépida, uma menina grande e linda. De cabelos longos e ondulados. Um sorriso que apanha Eduardo pelas pernas e o derruba no chão, o garoto fica tonto de felicidade.
Um amor instantâneo derramou-se entre os dois. E o mais incrível é que continua crescendo.
Todos os mimos que Eduardo encontra pelo caminho vai levando para Maria, só para ver o sorriso inteiro da rapariga e ficar flutuando de alegria, um bombom, um laço de fita, uma flor, qualquer coisa. Maria sabe que Eduardo é assim meio calado, meio misterioso, bem humorado, mas também bastante sério, um tipo inteligente. Eles se amam com a valentia da adolescência e a pureza da infância, porque se descobrem ao cabo do tempo em que vão se conhecendo, uma vez que não tiveram outras experiências, além desta que agora vivem.
Alguém poderia pensar, azar o deles, pobres adolescentes, que se por um acaso se deixarem jamais terão a mesma felicidade pura e intensa de descobrirem-se ao mesmo tempo em que crescem, descobrem o mundo e se amam.
Mas, posso garantir-lhes como narrador onisciente que sou, que eles não se preocupam nenhum pouco com o futuro, nem ao menos chegam a pensar na dor de uma possível perda. Estão imersos no presente, na dádiva de cada instante. Agora mesmo, estão deitados na grama. É Primavera, faz uma linda tarde de sol. Eles olham para o céu, observam as nuvens, brincam com as formas em que elas se transformam. Criam histórias. Se abraçam. Brincam com as pontas do dedo outro, mãos entrelaçadas. Um par de segundos passam, um imã que puxa lábio com lábio e eles mais uma vez se beijam e sorriem. A felicidade é imensa. Tão grande que de repente parece assustadora e para não serem engulidos por esta desconhecida tão generosa, eles voltam às nuvens. Depois se detêm no voo dos passarinhos. Um beijo mais acrescenta um calor que aperta o peito. Eduardo dá um cheiro no pescoço da Maria, que fica com o rosto afogueado, olha no fundo dos olhos dele abre um sorriso e olha para o céu novamente.
-  Qual a parte do dia que você mais gosta, Dudu?
- A parte em que te vejo.
Maria abre aquele sorriso, Eduardo palpita junto com seu próprio coração.
- Eu estou falando sério!
- Eu também!
- Ah...
Maria sente que aquele momento é muito importante, mas não sabe o que dizer para mostrar o quanto é importante. Então o abraça e esconde o rosto no seu peito. Eduardo a recebe e ficam assim abraçados por muito tempo.
Às vezes, Eduardo faz perguntas a esmo só para ouvir a voz da namorada. Que é uma voz doce e leve, apesar de um pouco apressada. Enquanto estão abraçados, Eduardo pensa que talvez a ame de verdade. E que talvez ele devesse dizer isto a ela. Para que ela não voasse como os passarinhos, nem mudasse de forma como as nuvens... mas este é um temor passageiro, porque Maria felizmente se lembrou de beijá-lo mais uma vez.
Maria ama Eduardo desde a primeira vez que ouviu a voz compassada dele. E desde então, cada dia estavam mais perto até pegarem de namoro. De vez em quando Maria tenta descobrir exatamente o que Eduardo quer ouvir e diz, só para agradá-lo.
- Qual tipo de música você mais gosta?
- Gosto de muitos tipos, mas amo música clássica.
- E você?
- Eu?
Maria fica um pouco sem jeito, e maquia a verdade.
- Eu gosto de música clássica!
- Você não precisa ter medo de me dizer do que gosta.
- Mas, eu não tenho medo...
- Mas, fica com uma cara estranha meio assim.
Eduardo faz uma careta engraçada e Maria cai na gargalhada.
- É que eu gosto de te ouvir...
- Então, vou te dizer uma coisa.
- O quê?
Pergunta Maria apressada, olhos vivos.
De repente, Eduardo sente que perdeu a coragem, pensa nas nuvens, nos pássaros, sente medo. Mas, Maria o enlaça pela cintura, seus olhos ficam mais brilhantes que nunca, ela aproxima seu rosto do dele, até que ficam de narizes colados:
- O quê? Fala logo!
- Eu te amo.
Maria não fala nada. O aperta ainda mais entre seus braços. De um modo que ele acredita que jamais poderá escapar, nem imagina por que motivo quereria. E ela o beija. Um beijo novo e interminável.

Danieli de Castro  

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Gêmeos é signo oposto e complementar a Sagitário.

"(...) o caminhar se torna uma dança, a palavra se transforma em poesia e o silêncio em meditação. A partir da calma interna, da não- ação, o Louco atua e o resultado é a Arte. " p. 167
in: Curso de tarô e seu uso terapêtico - Veet Pramad

domingo, 24 de novembro de 2013


Podría ser una tortuga... pero soy un ser humano...


El tiempo del corazón - Magdalena Fleitas

Podría ser una tortuga, quizá una pequeña flor
Pero soy un ser humano e nací con corazón
Cada vez que el aire llega junto con la inspiración
Viene una música nueva y me trae una canción
Escuchaste tu canción, está ahi...
Más allá de la ilusión, está aqui
Lairai la la... quiero escuchar tu canción

Si yo fuera como un globo lleno de aire em mi interior
Sería tan liviano el cielo tan liviano como yo
Despierta mi alma en el cuerpo, que crezca esta sensación
Que la mente espere un tiempo, el tiempo del corazón
Shhhhhhhh...

Escuchaste tu canción, está ahi
Más allá de la ilusión, está aqui
Lairai la la... quiero escuchar mi canción.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

La Niña de fuego


La niebla - Buika

Para verme mejor cierra los ojos,
para encontrarme mejor perderme,
para tenerme cerca suelta la cuerda.
Que yo estoy aquí como está la niebla.

Si me hablas a mi no uses la lengua.
La soledad y yo hacemos uno,
si quieres que ande no me des cuerda ,
que yo estoy aquí como está la niebla.

La niebla,
que no obedece reglas.
Es humo y bruma tras la fiesta,
Niebla.

La niebla,
no sabe reglas.
Es humo frío y bruma tras la fiesta,

Deja que llegue a ti como la niebla.
Lo que no se puede decir no se dice,
y lo que no se pueda contar no se cuenta.

La niebla,
no sabe de reglas.
Es humo frío y bruma tras la fiesta.

Deja que llegue a ti como la niebla.
Lo que no se puede decir no se dice,
y lo que no se pueda contar no se cuenta.

La niebla,
no sabe de reglas .
Naturaleza que humo frío
y bruma tras la fiesta.

Para guardarme a mí la jaula abierta,
para gozar mi sonrisa hazme reír,
para recoger primaveras antes siembra.
Yo estoy aquí como está la niebla,
yo sigo aquí como la niebla.
Para ti como la niebla.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore
Manoel de Barros 

XII

Bernardo é quase árvore.
Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem
de longe.
E vêm pousar em seu ombro.
Seu olho renova as tardes.
Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho:
I abridor de amanhecer
I prego que farfalha
I encolhedor de rios - e
I esticador de horizontes.
(Bernardo consegue esticar o horizonte usando três
fios de tiras de aranha. A coisa fica bem
esticada)
Bernardo desregula a natureza:
(Pode um homem enriquecer a natureza com a sua
incompletude?)

Manoel de Barros 

Pelo e amor

Das compreensões súbitas, eis que a clareza do corpo despertou para a dança ancestral que esteve sempre ali, por dentro, no sangue, na veia, no DNA...
Antes da dança era o sonho no corpo da mulher que despertou para a vida. 
Ela canta uma canção intensa, que ninguém ainda escuta, mas ela reverbera belezas súbitas. 
Talvez ela desse voltas no mundo... Correndo atrás do vento... A beleza da existência da mulher era uma tarde de quinta feira ficar olhando o beija-flor voar de flor em flor... As nuvens gordas e brancas passeando pelo céu... A chuva que é uma promessa ainda distante. 
E de dentro de tantas considerações ela sorriu. E ficou assim percebendo a beleza da vida no canto de um passarinho... A mulher pensou no homem. E compreendeu que nenhum de nós temos certeza de absolutamente nada, mas continuamos tentando. E o homem de amor feito por todos os poros, brincando um sexo genital tão centralizado, ela amuada ainda no seu reverdecer, de ser gente, de opinar sobre si mesma, de botar o dedo na própria pele e dizer, sou eu. Esta sou eu. 
E entender que de seu caminho ela mesma entende. E se libertar pela garganta, falando de seus desejos, testando suas habilidades, vivendo os prazeres de ser, apenas. 
Cada um no seu tempo vai amadurecendo seus frutos. A mulher sabe do império que o homem construiu. E se percebe num tempo de construção: em busca de uma sensação de corpo. No caminho mesmo de ir juntando pequenos tesouros cotidianos, para constituir sua identidade, sim, não... Não está no tempo da desconstrução, mas da calma, da serenidade de visualizar o que se quer, para o tempo vindouro e ir passo a passo alcançando o ponto máximo. O Êxtase... 
E vai por caminhos novos, iniciando por dentro a caminhada, cada passo está sendo dado com o cuidado todo. Assim, ela vai percebendo a beleza de cada ente natural, cada um deles, seu irmão em natureza: a pedra, o vento, a lesma, a terra, o inseto... tudo, copulando e ebulindo: sobrevivendo. 
E já não lembra de ebulições antigas, mas vai nas ebulições do novo, transformando e compreendendo que todas as manifestações do homem, de todos nós seres vivos, estão no cerne do instinto de viver, de amar a vida, de estar pleno daquilo que se sente, do que se acredita ser bom para si e para o outro. 
A mulher teve dúvida, mas agora tem o coração tranquilo. Todos nós temos fragilidades. Certezas e incertezas. Por mais que o homem, tente mostrar que não, tente desviar o olhar, evitar o beijo, focar o desejo no fato... Ela compreendeu, até mesmo a aproximação do homem é amor. Tudo é amor. E esbarramos nos conceitos pré formulados. O poder da palavra, revirado. 
Cada passo um novo acordo consigo mesma. A vida caminha no passo em que é vivida. A mulher que dança e frui a existência na Terra, sabe da felicidade da existência do homem em sua vida e com respeito reverencia seu império, beija os pés do imperador, agradece a atenção e prossegue em busca da construção da sua oca interior, a matéria amorosa da vida. 
Com calma, lucidez e tato. A mulher está ávida e iluminada pelo toque do imperador. E agradece à vida pelas reverberações que atrai. Assim, sem fricções. Com ritmo e alegria no coração. Dançando ao dormir e ao acordar. Interligada aos seus entes queridos pelo sangue, pela pele, pelo tato. Pelo amor.

Danieli de Castro

terça-feira, 19 de novembro de 2013

" O meu coração é o sol, pai de toda a cor..."


O Leãozinho - Caetano Veloso

Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho
Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol, pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar NUMA.

Mestre Pastinha


quando te encontrei 
vou te confessar 
acabei me apaixonando também por outra 
pela lua
ela refletia algo de você 
agora te esquecer esta sendo fácil
o difícil é fingir todo dia 
que a lua não existe


Raifah Monteiro 

domingo, 17 de novembro de 2013


Sobre a seiva

Pelas pernas
sobem dois desejos
param no meio do caminho.

Sua seta está
apontando para
Onde?

Pelos braços
sopram os ventos
do novo:

Sobre a árvore
Abraçada aos seus galhos
A menina

Conta seus segredos
E sorri
Agraciada.

Os passarinhos cantam
a natureza
e avoam!

Danieli de Castro 

Samba de roda

Amor de longe, benzinho
É favor não me querer, benzinho
Dinheiro eu não tenho, benzinho
Mas carinho eu sei fazer até demais.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

No silêncio da mata...


3.5

A lua faz silêncio para os pássaros,
           - eu escuto esse escândalo!
Um perfume vermelho me pensou.
(Eu contamino a luz do anoitecer?)
Esses vazios me restritam mais.
Alguns pedaços de mim já são desterro.
.......................................................
(É a sensatez que aumenta os absurdos?)
De noite bebo água de merenda.
Me mantimento de ventos.
Descomo sem opulências...
Desculpe a delicadeza.

Manoel de Barros

Pé de poesia - 69


3.3

Este ermo não tem nem cachorro de noite.
É tudo tão repleto de nadeiras.
Só escuto as paisagens há mil anos.
Chegam aromas de amanhã em mim.
Só penso coisas com efeitos de antes.
Nas minhas memórias enterradas
             Vão achar muitas conchas ressoando...
Seria o areal de um mar extinto
             Este lugar onde se encostam cágados?
Deste lado de mim parou o limo.
E de outro lado uma andorinha benta.
Eu sou beato nesse passarinho.

Manoel de Barros

Inverno em Buenos Aires


2.7

O ocaso me ampliou para formiga.
Aqui no ermo estrela bota ovo.
Melhoro com meu olho o formato de um peixe.
Uma ave me aprende para inútil.
A luz de um vagalume se reslumbra.
Quero apalpar o som das violetas.
Ajeito os ombros para entardecer.
Vou encher de intumências meu deserto.
Sou melhor preparado para osga.
O infinito do escuro me perena.

Manoel de Barros             


Trecho da Fábula o Elefante e o Beija- flor

Era uma vez um Beija-Flor que fugia de um incêndio juntamente com todos os animais da floresta. Só que o Beija-Flor fazia uma coisa diferente: apanhava gotas de água de um lago e atirava-as para o fogo. A águia, intrigada, perguntou: – “Ô bichinho, achas que vais apagar o incêndio sozinho com estas gotas?” – “Sozinho, sei que não vou”, respondeu o Beija-Flor, “mas estou a fazer a minha parte”.

Autor desconhecido 
Trecho contado pelo Mestre Pernalonga numa apresentação de Capoeira Angola

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nascente do rio Piracicaba


Nudez declarada


Canto em qualquer canto - Ney Matogrosso

Vim cantar sobre essa terra
Antes de mais nada, aviso:
Trago facão, paixão crua
E bons rock's no arquivo
Tem gente que pira e berra
Eu já canto, pio e silvo
Se fosse minha essa rua
O pé de Ipê estava vivo
Pro topo daquela serra
Vamos nós dois, vídeo e livros
Vou ficar na minha e sua
Isso é mais que bom motivo
Gorjearei pela terra
Para dar e ter alívio
Gorjeando eu fico nu
Entre o choro e o riso
Pintassilgo, pombo, melro
Águia lá do paraíso
Passarim, mundo da lua
Quando não trino, não sirvo
Caso a Bela com a Fera
Canto porque é preciso
Porque essa vida é árdua
Pra não perder o juízo

sábado, 2 de novembro de 2013

Iê viva meu Mestre!


Inesperados

A mão escalavrada
Afinando o berimbau:

Uma ansiedade... 
Uma notícia súbita!
O começo de uma noite. 

O respeito pelos Mestres: 

Nego nagô, quando morre, vai na tumba do banguê.
Os parentes vão dizendo, urubu tem que comer.
Aqui babá, a cangerê, nego nagô tem catinga de Sariguê. (*)


Breve suspensão das vozes, 
o berimbau soando lindo!
E a alegria cresce com as palmas! 

O jogo continua!

O convite como que resolução 
de uma dúvida: 

A Exclamação: Aí, Nega! 
E uma afirmação: está dando certo. 

Só de desejos somos feitos? 
Talvez... Quem sabe? 

A moça que volta
Extasiada
para casa, não sabe que mais um convite a 
espera

e antes de saber de que se trata 

já aceitou 

viver intensamente 
o que
da vida vier!

Abre a roda minha gente 
Que o batuque é diferente!
Abre a roda minha gente 
Que o batuque é diferente! (*)


Danieli de Castro
* Cantiga Nego Nagô do Mestre Ananias 

Water


Contemplation

Express
Whats within
No need to hold it all in

In a lifetime one sees so much...travels to so many places
Lands in more than a few catch 22s...rat races
So now its time to begin...to learn
How to compose it all....and allow
Others to discern...

What is the concern
To share in my desire

To contemplate...
____________________________________

Cause in reality:

I have been witness to injustice after injustice
Story after story like drop of water
Pelting
The dried out pavement...after a long dry season

Of no rain...

Adios mio the pain...

The drops are coming faster now...pelting a bit harder
Watch out yall the glass is about to fall

People want to quantify big as an explosion of sin
In reality what is small is often the most potent poison of all

Drop Drop Drop...drip drip drip
Come on does anyone else want to take a sip

Understand what it is that has made the people sick


Come on drink up...

Knowledge of others lives
Can onlymake you stronger
Want to get out and really work for projects
Harder and longer


Now I say
What does one do when they cant take it
Any longer

Yell or scream?
Act like a diplomat and talk about politics over coffee with cream
Its obvious the world is unjust
We can all acknowledge that
Bu its time to move to act
This is a must

Trying to understand...what to do
When you know you you have something to share
To prove that we need to care
Searching for the words to communicate
Iterate

I guess its not too late...

Drip drop drip drip drop
Composing
Another verse to the song
Lets check if we can
Finally fix whats wrong

Still the water drops keep falling...

Aquarela Ruth