sábado, 2 de novembro de 2013

Inesperados

A mão escalavrada
Afinando o berimbau:

Uma ansiedade... 
Uma notícia súbita!
O começo de uma noite. 

O respeito pelos Mestres: 

Nego nagô, quando morre, vai na tumba do banguê.
Os parentes vão dizendo, urubu tem que comer.
Aqui babá, a cangerê, nego nagô tem catinga de Sariguê. (*)


Breve suspensão das vozes, 
o berimbau soando lindo!
E a alegria cresce com as palmas! 

O jogo continua!

O convite como que resolução 
de uma dúvida: 

A Exclamação: Aí, Nega! 
E uma afirmação: está dando certo. 

Só de desejos somos feitos? 
Talvez... Quem sabe? 

A moça que volta
Extasiada
para casa, não sabe que mais um convite a 
espera

e antes de saber de que se trata 

já aceitou 

viver intensamente 
o que
da vida vier!

Abre a roda minha gente 
Que o batuque é diferente!
Abre a roda minha gente 
Que o batuque é diferente! (*)


Danieli de Castro
* Cantiga Nego Nagô do Mestre Ananias 

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