terça-feira, 12 de novembro de 2013

3.3

Este ermo não tem nem cachorro de noite.
É tudo tão repleto de nadeiras.
Só escuto as paisagens há mil anos.
Chegam aromas de amanhã em mim.
Só penso coisas com efeitos de antes.
Nas minhas memórias enterradas
             Vão achar muitas conchas ressoando...
Seria o areal de um mar extinto
             Este lugar onde se encostam cágados?
Deste lado de mim parou o limo.
E de outro lado uma andorinha benta.
Eu sou beato nesse passarinho.

Manoel de Barros

Nenhum comentário: