terça-feira, 7 de março de 2023

O Crescimento do Patriarcado

 Mamãe me disse que o papai é mau. Eu odeio o papai. Porque então ela continua com este cara mau? 

Papai me disse que as garotas gostam de caras maus. Eu quero ter garotas. Eu vou ser mau também. 

Odeio a mamãe ela só sabe reclamar de tudo. E nunca me deixa abraçá-la. Mamãe é uma vagabunda! 

Papai brigou de novo com a mamãe e ela me diz que tenho que protegê-la, porque sou o verdadeiro homem da casa, afinal papai não presta para nada. 

Quebrei a cara do papai e o coloquei para fora de casa. Mas, ele já veio choramingar e mamãe aceitou ele de volta. Ela é uma traidora. 

Aprendi que para me respeitarem eu preciso ser um cara mau e não viver choramingando como meu pai. Eu nunca vou ser como o meu pai. Meu pai é um cara odioso. 

Eu quero ser amado pelo poder do que trago dentro das calças. Mesmo que este poder seja nulo, os farei acreditar que é a força dos meus músculos que devem temer. 

Por fim, quem sou eu sem o meu ódio, a minha violência, quem sou eu sem o meu misterioso poder de seduzir, de abater, de descartar e de começar tudo outra vez? 

Eu não quero saber. 


Danieli Casimani




Nenhum comentário: