Quando os anfitriões, seus bons amigos,
já tarde, ao retornar, no fim do dia,indagavam das provas e dos perigos
por que passara, ele não sabia
como alertá-los , que palavra rude
ele usaria para reviver,
no mar que o azul reveste de quietude,
o dourado das ilhas do prazer
cuja visão faz com que até o perigo
mude de forma: não mais no castigo
e no furor do vento costumeiros;
no silêncio ele atinge os marinheiros,
que sabem que nos pélagos extremos
Daquelas ilhas de ouro acha-se o canto;
que eles, às cegas, se agarram aos remos,
sitiados pelo encanto
do silêncio, como se ele ocupasse
todo o espaço que existe
e a sua outra face
fosse esse canto a que ninguém resiste.
Rainer Maria Rilke
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